METODOLOGIA BEAM - 7 PERGUNTAS PARA CONSTRUIR UM MODELO DE DADOS EFICAZ

2ª PARTE

EXEMPLO:

Supondo que pretendemos desenhar um modelo dimensional, para sustentar um relatório que pretende analisar o aluguer de viaturas num stand automóvel 

A resposta a esta questão irá expor o evento de negócio em análise, assim como os sujeitos envolvidos no processo. Podemos associar o evento ao verbo que é utilizado na descrição do processo. Daqui podemos talvez obter uma resposta como – Um cliente aluga uma viatura…, que nos remete para o facto do aluguer e duas dimensões – clientes e viaturas. 

É natural que, nesta fase, o stakeholder parta para um conjunto de diferentes eventos de negócio, mas é importante realizar a análise a um processo específico de cada vez. O business user poderá dizer que primeiro o cliente entra no stand, é orientado na observação das viaturas, talvez faça um test drive, etc., mas para efeitos da análise que é pretendida apenas nos interessa o facto do aluguer.

Nesta pergunta chave pretende-se perceber de que tipo de evento se trata – se é um evento discreto, finito num momento no tempo, se é um evento recorrente (como poderia ser por exemplo a contabilização de viaturas disponíveis todos os dias), ou se é um evento evolutivo (como poderia ser a manutenção de uma viatura que pode passar por várias fases, que incide na análise do tempo decorrido por fases). Os diferentes tipos de eventos necessitam de desenhos diferenciados para responder a estas necessidades. 

Obtendo uma resposta simples, como “um cliente aluga uma viatura quando vem ao stand e simplesmente procede ao aluguer”, indica-nos que se trata de um evento discreto. 

Obtendo uma resposta como “Alugam-se nos nossos stands (…)” podemos identificar a dimensão “Where” que nos remete para os Stands.

Através desta questão podemos começar a perceber que outras dimensões menos imediatas podem ser úteis à análise do facto. Por exemplo, se o cliente pode alugar fisicamente no stand ou fazê-lo digitalmente por outros meios. 

Esta é outra questão que nos alinha na definição de outras dimensões de análise relevantes – o cliente pode alugar porque tem a sua viatura própria indisponível por determinados motivos, ou porque está de visita na região, ou porque teve uma promoção específica, etc. Estas dimensões podem ser úteis na análise das diversas causas que podem influenciar o negócio. 

Todas estas questões que se incluem na última questão – How Many? – remetem-nos para a definição dos vários indicadores elementares que medem o processo de negócio. 

Desta forma construímos o “blueprint” que nos serve de base para a construção das dimensões em detalhe, percebendo o que é um cliente, o que é uma viatura, que diversos atributos é que os compõem, etc.

                                                             

Tendo definido o modelo dimensional de um evento, podemos partir para o desenho de um evento distinto mantendo a conformidade das dimensões entre si.  

No seguimento do exemplo anterior, poderíamos iniciar o desenho de um modelo para um novo evento, como o da aquisição das viaturas por parte do stand, que estando mapeado às mesmas dimensões nos permitirá construir relatórios e análises ricas que cruzam as diversas métricas – analisar de uma forma otimizada e eficaz o investimento e retorno por viatura, por stand, por ano; as geografias e stands com maior frequência ou duração de aluguer, comparar as durações/frequências de aluguer com os valores de aquisição das viaturas, etc.

carro

Este é o ponto de partida fundamental da metodologia BEAM que aprofunda a definição de cada tabela de dimensão ou de factos, e estabelece estratégias colaborativas para a resolução de problemas e desafios de dados que surgem nas fases mais avançadas do desenvolvimento. Mas as grandes vantagens desta abordagem são: 

  1. A capacidade de conseguir rapidamente definir um modelo de dados de base, mesmo com a consciência de que este irá sofrer várias alterações e evoluções à medida que o desenvolvimento avança;
  2. O levantamento de requisitos focado nos processos de negócio e não no relatório final;
  3. A possibilidade de tirar partido do conhecimento e perspetiva de negócio dos utilizadores ao mesmo tempo em que se estimula um pensamento dimensional que permite destacar as particularidades arquitetónicas necessárias ao desenho.
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